JOSÉ HILÁRIO RETAMOZ
( Rio Grande do Sul – Brasil )
(1940 – 2004)
José Hilário Ajalla Retamozo , nasceu em São Borja, Rio Grande do Sul, em 13 de janeiro de 1940.
Diretor do Instituto Estadual do Livro.
Residente em Porto Alegre/RS.
(***)
Coronel da reserva da Brigada Militar, corporação à qual dedicou-se por 35 anos, e onde sempre foi destaque; Retamozo foi também professor, ensaísta e escritor, com livros que já passaram de 30 mil exemplares distribuídos. Dentre eles, destacam-se Reduto de Bravos, Rodeio do Tempo, Provincianas, Lua Andarenga, Rodeio Crioulo, ABC do Brigadiano, Cantos Provincianos e Décimas e Milonga; ABCdário Leonístico e ABC do 4º dia – os dois últimos em parceria com a esposa; poeta, com mais de cem Troféus, obtidos em diversos Festivais de Música e Poesia, dentre os quais está o 1º lugar da 4ªCalifórnia da Canção de Uruguaiana, em 1974, com a Canção dos Arrozais. Retamozo também foi membro da Academia Rio-Grandense de Letras, onde desenvolveu renomada atividade literária.
Em 16 de setembro de 2002, Retamozo recebeu a Medalha Simões Lopes Neto, honraria do Governo do Rio Grande do Sul para personalidades de destacada importância para a cultura doEstado. Na mesma época, o poeta deve parte de sua obra musical editada em CD pela USA DISCOS, em projeto denominado Autores Gaúchos.
Sua morte foi ocasionada por uma parada cardio-respiratória, às 15h15 do dia 19/09/2004.
Fragmento de biografia e foto extraída de clicrbs.com.br
TEXTOS EM PORTUGUÊS - TEXTOS EN ESPAÑOL
POETAS BRASILEIROS. Porto Alegre: Sul-Americana, 1992. 160 p. (Col. Poetas Latino-americanos, v. 1) Capa: Chico Quevedo.
Revisão final Português: Luciana Fim Wickert. Revisão final Português: Hector R. Pastorim. edição bilingue Português-Espanhol. Ex. bibl. Antonio Miranda
Canto
Campo arado — folha em branco,
sementes — letras jogadas
para formarem palavras
e nascer flor de meu canto.
Canto o campo. De onde venho
conta mais quem tem mais campo.
Mas não conta no que tenho
— é campo livre meu canto.
Não me dói o bem alheio,
mais me dói o que não tem.
Por isso meu canto alteio
— esse é meu único bem.
Não canto só por cantar.
Cada palavra ama a espera
de acender a primavera
no coração que a escutar.
Poeta
Corta em fatias e gomos
o dia, as nuvens, o vento,
cria símbolos de assoma
como espinha do momento.
Haja o que houver sempre canta,
gestos e voz verticais.
Mastro e flâmulas levanta
contra fuzis e punhais.
Rompe algemas e mordaças,
pisa o corpo das ameaças
e apoja, na imensidade
do tempo, o leite das horas:
— é o dedo da liberdade
no gatilho das auroras.
Ofício
Sabe a arestas do oficio,
a contenção, os desvios
para chegar ao início.
Verbos — músculos e fios
tangendo a palavra magra,
pastor de sonhos vadios...
Sabe a espera que os deflagra
— angústias, quedas, espinhos —
mas se despoja e consagra
a mente aos símbolos — meios
de abrir os próprios caminhos
livre de arestas e freios.
A paciência lima o ferro
e o poeta retém o berro.
Caminos
Todos os caminhos estão dentro do homem.
Sulco de amor ou cicatriz de ódio
toda palavra é gume oculto e corta
a ingênua intenção do poeta
de semear a paz.
A paz é pasto, o boi que a rumina
perdeu a fé nos comícios dos rodeios.
Acredita no arado e na ração do dia-a-dia,
no suave cochilar costeando a cerca
da conformação.
A paz é canga, caminhar a dois
— o mínimo da canga e não da carga.
O sulco do arado está no homem, a esperança
do fruto, a esperança da flor está no homem,
no homem dorme a paz.
Todos os caminhos estão dentro do homem.
A dor, a inquietação, o sofrimento
é que faze o homem abrir esses caminhos,
andar por cima deles,
sofrer por eles e pensar na paz.
TEXTOS EN ESPAÑOL
Tradução por Washington Gularte
e Roberto Mara l(de Catia Corrêa)
Canto
Campo arado — hoja en blanco,
semillas — letras esparcidas
para formar palabras
y nacer flor de mi canto.
Canto al campo. De donde vengo
cuenta mais quien tiene más campo.
Mas no cuenta en lo que tengo
— es mi único bien.
No canto sólo por cantar.
Cada palabra ama la espera
de encender la primavera
en el corazón que la escucha.
Poeta
Corta em tajadas y gajos
el día, las nubes, el viento,
crea símbolos y asoma
como espina de momento.
Pase lo que passe siempre canta,
gestos y voz verticales.
Mástil y flámulas levanta
contra fuziles y puñales.
Rompe esposas y mordazas,
pisa el cuerpó de la amenazas
y apoya, en la inmensidad
del tiempo, la leche de las horas:
— es el dedo de la libertad
en el gatillo de las auroras.
Oficio
Sabe las aristas del oficio,
a contención los desvios
para llegar al comienzo.
Verbos — músculos e hilos
tañiendo la palabra flaca,
pastor de sueños errantes...
Sabe la espera que los deflagra
— angústias,.caídas,.espinos —
mas se despoja y consagra
la mente a los símbolos — médios
de abrir los propios caminos
libre de aristas y frenos.
La paciência lima el Hierro
y el poeta retiene el grito.
Caminhos
Todos los caminos están dentro de hombre.
Surco de amor o cicatriz de odio
toda palabra es filo oculto y corta
la ingénua intención del poeta
de sembrar la paz.
La paz es pasto, el buey que rumia
perdió la fe en los comícios de los rodeos.
Cree en el aradod y en la ración del día-a-día,
ej el suave cabecear costeando la cerca
La paz, es canga, caminar a dos
— lo mínimo de canga y no de carga.
El surco del arado está en el hombre, la esperanza
del fruto, la esperanza de la flor está en el hombre,
en el hombre duerme la paz.
Todos los caminos están dentro del hombre,
el dolor, la inquietude, el sufimiento
obligan al hombre abrir esos caminos,
andar sobre ellos,
sufrir por ellos y pensar en la paz.
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Página publicada em janeiro de 2022
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